quinta-feira, outubro 19, 2006

Não, não, não...
Se é pertinente!
Esse merece um post só pra ele!
O anterior era uma música.
Me deixa incluir esse pedaço nela?

Te amo, menina...

----- por Diana em paródia ao poema anterior...

o que será de mim
quando não estou assim
sozinha, enfim
a dançar no vento cinza
e tudo é preto e brisa

se eu sou você
e se somos nossos sonhos
onde estarão as esquinas
e as luas pequeninas
fracas, perdidas pela noite imponente?
quem irá salvá-las da corrente?

E quando foi que falei por ti?
e desde quando palavras pesam?
e quanto posso carregar?
se sou pó, pó somente...

virei resto de nós.

segunda-feira, outubro 16, 2006

Vitrine de Relógio Parado.

O que será de nós
quando não somos nós
quando já estamos sós
a lançar cinzas ao vento
Nada nos dará acalento

E te vejo assim
você igual a mim
e te condeno, ordeno
Mas não somos mais que pó
Sinceros dejetos desse nó

E quem diria que seria assim?
Eu igual a você
você demais pra mim
Quem dirá de nossos sonhos perdidos aqui?

Se você sou eu
cadê os sonhos que deixei nas esquinas devassas?
nas noites escassas?
Quem irá me salvar de minha fraqueza tácita?

E quando foi que fiz
você falar por mim?
E minhas palavras pesam
quase pouco mais que posso carregar
Virei resto de mim.

quarta-feira, outubro 04, 2006

Para celebrar o que há muito não fazia. Prometi que só colocaria textos meus, mas essa não dá!
Sou Fã dele.
Um dia escreverei assim...


INSÔNIA

Fabrício Carpinejar

Quem já não ficou sem dormir por um amor?
Conversando a infância e a morte como dois adolescentes. Procurando memória para imaginar. Medindo os braços com a boca. Não achando a maçaneta dos olhos.
Abraçados como dois pugilistas recuperando o fôlego.
A lutar contra o sono. As pálpebras frágeis como cadeiras de praia. Senta-se ao fundo para não cair.
A porta está ali e não serve. O telefone está ali e não serve. A janela está ali na condição de espelho.
Apaixonar-se é não ter para onde ir porque já se chegou. É não ter como fugir porque já se encontrou. É não ter mais escolha.
O cansaço vai agravando a verdade. Não há mentiras, não há esconderijos, não há roupa para disfarçar a palavra.
Os travesseiros são duas crianças brincando de estátua.
Continua-se a conversa sem compreender. Continua-se para compreender.
Os problemas somem e se redimem. As estrelas param de beber. Os telhados param de fumar. Os insetos apagam as lâmpadas.
Os vícios são perdoados pelo viço.
O rosto expulsa o vidro com cuidado. Como se o acidente daquela madrugada fosse liberar os estilhaços no decorrer dos anos.
Não deveria ser permitido receber tanto. Não deveria ser permitido dar tanto. Inventa-se uma dor para suportar a alegria. O que foi vivido mudará. O que não foi vivido perturbará. Todo adeus será covarde. Não pode ter sido tudo aquilo - não pode ser só aquilo.
Nada apagará a intimidade do homem ser louvado pelos seios, ser preso pelos quadris, represado pelo pescoço.
O cansaço da insônia é maravilhoso. O cansaço da insônia do amor é maravilhoso.
Dorme-se no trabalho depois, dorme-se no ônibus depois, dorme-se sentado depois.
Passar uma noite acordado por uma mulher é ganhar uma vida para dormir em segredo.


www.carpinejar.blogger.com.br

segunda-feira, outubro 02, 2006


Quase um sertanejo, não se assentava. José era homem bom, senhor respeitado, típico lider carismático na fala do Weber. Foi frentista de posto, dirigiu caminhão, carregou algodão, foi coronel, industrial, de tudo um pouco, em lugares inimagináveis. Mas carregava acima de tudo uma dor! A guardava pulsante obscurecida no fundo do peito. Escondia tanto que às vezes esquecia-se dela. No meandros da vida, se apaixonou. Foi pai. Se machucou e continuou a fugir. Hoje não pára, não se sedimenta. O pobre tem medo de raízes. Caludica entre o homem campestre e o cidadão que anseia por sucesso e ser bem sucedido. Nem pode ser sucedido. Seus sucessores não aprenderam a amar a sua causa. Ficou só em sua ilusão. Anda. Vai de um lado pro outro, quase que buscando nas coisas suas felicidade. Não acredita mais na vida, apenas em si. Diz do amor e da dedicação, mas não acredita mais em nada que não sua saúde momentânea, efêmera. Perdeu-se. Procuro, busco, mas não o encontro. Ele passa. Passa, passa, passa. Nunca fica. Vem e vai. O que será de sua posteridade? Quanto tempo resistirá sem um lar verdadeiro pra voltar? Ele há de se cansar? Tomara, pai... Tomara...