domingo, janeiro 21, 2007

Minha casa é um Souvenir de Viagem

Um herdeiro
quando me procurares encontrarás nada mais que poeta faceiro
encrenceiro

Um samurai
segredo que não distrai
enquanto assegura sua honra no amor à causas perdidas

Um anacrônico
saudosista lacônico

Se me procurares lutarás
rezarás o luto
por que não me encontrarás
Não sou e nunca serei achado
entre as nuvens em cavalo alado
sou homem do passado
passado

Pedi extradição pra uma vitrine
terás de procurar depois da estante de vime
atrás do estoque
nas coisas que já não merecem mais retoque

Estou lá
onde não se deve elocubrar
onde nem mesmo eu me achei
Sou fruto de uma lei que eu mes criei e não consigo concretizar

nobre fruto do paradoxo de minha contradição
projeto, intelectualidade
amor, emoção

Sou poeta
e me verás pelas letras
nas letras
mas não sou a cena
sou frustração e alegria discreta

Leve-me achando que me colocou no bolso
iluda-se na minha presença
pois ninguém me experimenta

Minha casa é um souvenir de viagem
uma daquelas bolinhas que se guarda de momentos de satisfação
pobre e fulgas alusão

Esse sou eu
vestígio singelo do amor que alguém esqueceu no ar
resignado na condição
satisfeito na solidão
Consternado no que muitos querem ver mas poucos encorajam-se tocar

quinta-feira, janeiro 11, 2007


Revirando arquivos antigos no trabalho, eis que acho isso! Perdido no baú do hd e preso no esquecimento...

(...) e parece que a floresta amaça a urbanidade! Irrompe o clarão mórbido dos lustres impesoais e eletrizados das ruas, adentra as ondas que permeam toda a movimentação da cidade para conturbar o contato virtual de nossos olhos. O sinal... Não tem sinal... Parecia um duende que, dotado de uma pitada de sadismo, corroia nossas vozes e ensurdecia nossos ouvidos. E a guerra estabeleceu-se, não nas estrelas, mas nesta pequena cidade e entre nossa nobre distância. Qual o preço dessa ousadia? Me perdi nas palavras e a cada passo dessa dança claudicante minha coragem aumentava. E claudicava... o sinal, o sinal... Cheguei a pensar que era insistência demais persistir nela. Cheguei a deixar de pensar quando pensei nela! E esqueci. Guerreamos, eu, bravamente, ela, não posso dizer. Insistimos. Para dizer nada mais que o que se constata num simples olhar. E foi isso que mais conseguiu a atenção cutucar: um simples olhar conseguia dizer tudo! Não de algo superficial que num simples toque se reconhece o gosto e se pode dizer por completo. Não... De um olhar profundo e honesto em sua primeira alusão. Nunca desdenhoso. Sempre gracioso, como a natureza assim o é. Pode-se - e deve-se - filosofar sobre e para a natureza. Mas isso é nossa condição humana, nossa realidade mundana, eurocêntrica e racionalista. A divindade é complexa pela simplicidade. Alude o que quer, demonstra sua riqueza sem logicidade qualquer.
Ela é. Assim, ela é. Falava como quem conversava com uma flor. Simples, bela e pura. Ela, porém tem mais vida, mal pode ser tocada em seu âmago e semea sorrisos como se assoprasse o firmamento. E a urbanidade tremia, a ligação falhava. Até a paciência da bela moça relutava. Mas não desistia. Ela não desistia. Não sei porque. Ela não desistia. Mostrei o que vi em seu olhar. Será que vi algo? Talvez, um dia, hei de desvendar.

terça-feira, janeiro 02, 2007


Quando o passado bate à porta, a resposta vem em música.
Letra minha, música do Alessandro. Parceiria há muito esperada.

Vem

Esquece tudo
e faz de conta que eu te amo
Apaga tudo
e voltemos para o nosso plano

Finge que meu te querer é amor
E que meu amor é verdadeiro
Que meu descaso é segurança
E que minha indiferença é respeito

Faz de conta que meu ciúme é amor demais
Que minha dependência é carinho
Que quando te peço fica
não é por medo de ficar sozinho

Fica mais,
não vai embora agora
Esquece o que eu disse
e vamos dar outra volta lá fora

Que só quero autonomia
e que meu apreço

não se desfaz nessa agonia

Faz de conta que a nossa vida é nossa
Que quando faço tudo por ti
É por que te amo
E não porque não sei viver só, em mim

Finge que minha vontade de vencer
Não é medo de perder
Que nossa vida não é banal
Que estar junto é paixão e não um hábito sacal

Faz de conta que teu ciúme não me alimenta
Que tua indiferença não me atormenta
Que quando digo que não quero jogar
Não quero te controlar


Fica mais,
não vai embora agora
Esquece o que eu disse
e vamos dar outra volta lá fora

Que a chuva não demora a passar
E nós no vício de nós
Teremos outra hora pra errar

Nessa vida de poesia
A prosa revela a fantasia
Recôndida da alegoria