segunda-feira, outubro 02, 2006


Quase um sertanejo, não se assentava. José era homem bom, senhor respeitado, típico lider carismático na fala do Weber. Foi frentista de posto, dirigiu caminhão, carregou algodão, foi coronel, industrial, de tudo um pouco, em lugares inimagináveis. Mas carregava acima de tudo uma dor! A guardava pulsante obscurecida no fundo do peito. Escondia tanto que às vezes esquecia-se dela. No meandros da vida, se apaixonou. Foi pai. Se machucou e continuou a fugir. Hoje não pára, não se sedimenta. O pobre tem medo de raízes. Caludica entre o homem campestre e o cidadão que anseia por sucesso e ser bem sucedido. Nem pode ser sucedido. Seus sucessores não aprenderam a amar a sua causa. Ficou só em sua ilusão. Anda. Vai de um lado pro outro, quase que buscando nas coisas suas felicidade. Não acredita mais na vida, apenas em si. Diz do amor e da dedicação, mas não acredita mais em nada que não sua saúde momentânea, efêmera. Perdeu-se. Procuro, busco, mas não o encontro. Ele passa. Passa, passa, passa. Nunca fica. Vem e vai. O que será de sua posteridade? Quanto tempo resistirá sem um lar verdadeiro pra voltar? Ele há de se cansar? Tomara, pai... Tomara...

2 Comments:

Blogger Annete Morhy said...

"Vai de um lado pro outro, quase que buscando nas coisas suas felicidade"

O eterno e incessante buscar nas coisas. Seja lá o que for, mas sempre parece que vai ajudar.
Busca nas coisas para não ter q se deparar com a realidade de que a busca do alguém é bem pior. Um alguém que não chega e parece que nunca vai chegar. O lar interior.
Talvez um dia alguém perceba que o lar mora em nós mesmos. Ou será a minha fuga acrediar nisso?

isso nunca vai se saber

02 outubro, 2006 14:17  
Anonymous Anônimo said...

"O pobre tem medo de raízes."

O: artigo definido, com possível função generalizadora, podendo também funcionar como apelido ao sujeito da oração.
pobre: derivação imprópria de adjetivo.
tem: conjugação na terceira pessoa do singular, ou primeira pessoa do plural em linguagem informal, do verbo ter, no presente do modo indicativo.
medo: substantivo comum, que na verdade é próprio(geralmente de quem o menciona.)
de: preposição indispensável.
raízes: substantivo comum. Na frase em questão, possui sentido figurado, a significar vínculos, relações de afeto mais próximas, a um lugar, a um objeto, a uma pessoa.

04 outubro, 2006 08:17  

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