quarta-feira, abril 22, 2009


No Meio dos meus desejos de infância, me surge isso...

“(...) A arte faz-se com as mãos. Elas são o instrumento da criação, mas, antes do mais, o órgão do conhecimento. Para qualquer homem, já o demonstrei; para o artista, mais ainda, e segundo vias particulares. Porque ele reinicia todas as experiências primitivas: como o Centauro, saboreia as fontes e as brisas. Enquanto nós recebemos o contacto passivamente, ele procura-o, testa-o. Contentamo-nos com um saber milenar, um conhecimento automático e talvez já embotado, escondido em nós. Ele leva-o para o ar livre, renova-o – parte da origem. Não acontece o mesmo com a criança? Mais ou menos. Mas o homem feito interrompe essas experiências e, porque é “feito” cessa de se fazer. O artista prolonga o privilégio da curiosidade da infância bem para lá dos limites dessa idade. Ele toca, apalpa, calcula o peso, mede o espaço, modela a fluidez do ar para aí prefigurar a forma, acaricia a superfície de todas as coisas, e é com a linguagem do tacto que compõe a linguagem da vista – um tom quente, um tom frio, um tom pesado, um tom profundo, uma linha dura, uma linha suave.(...)”

FOCILLON, Henri. O Elogio da mão. In: FOCILLON, Henri. A Vida das formas. Ed Edições 70, pp. 115.

terça-feira, abril 21, 2009


Como eu queria

Ahh,como eu queria...
como saltaria
para fazer casa de mim,
os teus olhos de inocência
à revelia...

das insensatas moradias
que se outorga o homem
robusto, pueril
duro no despeito de si
acuado em explosão de falsa alegria
euforia!

E o que há de ser que se faria
para ter em paz
um facho reluzente desse sorriso

ahh, como eu queria
ser a doçura que clama
nestes olhos de chama
que chamam...
que conclamam uma existência maior
no agora,
do mundo novo cada segundo
que enclausuramos nas coerções
afasia...

ahh, como eu queria..
só agora
ser essa idade doce
no êxtase que existia...