sábado, junho 23, 2007


"os tiros ao nosso redor fazem com que seja difícil ouvir. Mas a voz humana é diferente de todos os outros sons. Ela pode ser ouvida acima de qualquer barulho. Até mesmo quando não está gritando, até quando é só um sussurro. Até o sussurro mais baixo pode ser ouvido acima dos exércitos quando diz a verdade."

Que se aproveite algo do excesso de filmes... Como diria (ou escreveria) a Moema, "um mundo diferente não pode ser construído por pessoas indiferentes..."

sexta-feira, junho 15, 2007

Música nova...

Do medo de nós

Aqui não!
não esconda de mim o pouco que somos
me deixe encontrar no teu olhar
para cabermos no que ainda não fomos

Te quero em mim nua de ti
Crente que sou teu inteiro, poeta faceiro
teu amante sorrateiro
a te salvar do mundo torto

E fui eu que entortei o mundo
e fui eu que mudei as letras
pra procurares casa no meu cólo
para seres extremo no meu pólo

Só eu sei a dor de não te ter
não procure em mim
nada contra ninguém, nada afim
nada que não você

Cravada em meus desejos
como o clareio vívido de um lampejo
na escuridão do medo
do pouco de mim que é você

terça-feira, junho 12, 2007


escrevi isso há exato um ano atrás. E algo se repete....


Dia do e-namorados

Hoje, é dia dos namorados.

Hoje não é dia de nada, é apenas 12 de junho, mas nadando nas conveções, vivamos o dia dos namorados.

Hoje, o Dom Giuseppe vai estar cheio! Assim como o Bar, o carrinho de lanches e muitos outros agrupando casais tentando afirmar-se em algo que queremos chamar de amor.

Hoje, os motéis vão estar lotados! Do Centauros ao Viletão. Alguns fazendo fila e outros desistindo de fazer algo que os mais românticos gostam de chamar de amor, e uns outros de outras coisas...

Hoje, é dia de afirmar-se namorado(a), o que, não necessariamente, que dizer namorar. Enamorar-se. Dar presente e não, necessariamente, estar presente.

Hoje, graças à umas poucas - bem poucas mesmo, (...) - e a mim mesmo, estou só. Ou melhor, estou comigo. Quase perdido, mas comigo. Pode parecer conveniente, mas também não há motivo para ser complacente. Confesso que não tenho preferência por esta posição, mas reconheço minha condição. E por que não reconhece-la como mérito? Afinal, por assim dizer, pensando e considerando a vida que escolhi, escolhi estar só!

Hoje cedo, minha mãe disse aos risos: "hoje é dia dos namorados... Ficaremos todos em casa namorando a televisão"!

Hoje, aproveito minhas feridas e desilusões para me namorar. Tenho tentado fazer isso, há algum tempo. Trabalho, árduo, dificil e dolorido, estar só. Ainda por cima quando queremos ser ditongo! Alguns preferem tritongo. Um ditongo me basta.

Hoje - quase me esqueço - preciso fazer desse uma retratação com o mundo. Comigo mesmo! Preciso me desculpar. Há muito, venho entrincheirado em uma luta que me consome: a afirmação. Em tese, antitese e síntese, negando minha própria negação, venho construindo a afirmação de mim mesmo. Infelizmente nos últimos meses - principalmente no último mês - eu caí. Há muito tempo não me perdia em alguém, e nessas semanas que passsaram, me seduzi a jogar-me em outrem. Pobre coração sedento o meu! Abriu-se ainda doente, e jogou-se no mesmo fosso de antes. Sou um apaixonado por natureza, e com o que digo, não me arvoro na leviandade de negar a paixão. Me assento na certeza de que me apaixono sempre sozinho. Mesmo sem motivos, mesmo não "devendo"! Deus ainda há de colocar pessoa corajosa o suficiente para me acompanhar nesta luta. Uma companhia... Enquanto não chega, lamento, menos um medo, menos uma pessoa medrosa pra eu carregar no ombro!

Hoje, portanto, me namoro! É dia de mais um dia de uma relação que começou no meu primeiro sopro de existência. Em não tendo quem compartilhar, me realizo em mim mesmo!

Hoje, vou enamorar-me de minha solidão. "Quem não tem pra quem se dar o dia é igual a noite". Mas "sobre estar só, eu sei", portanto, mais uma noite de aprendizado e de oportunidade de afirmação.

Hoje, meus caros, namorem! Namorem... Mas compartilhem. Não se atrelem ou acorrentem-se, compartilhem-se! Apaixonem-se como se as coisas fossem sem fim... Mas o façam como a Lua e o Xaolin. Dê as mãos a você mesmos e convide alguém para te acompanhar, não se deixe no vício vazio de se jogar nas mãos de alguém que não sabe o que é amar...

Hoje, é 12 de junho. Não é grande coisa! Convenção mercatil, semana de vendas.
Hoje, é uma dia de junho. Mais um dia apenas...

Hoje, como todos os outros, é dia de namorar.
Em o fazendo, só ou em companhia, enamorem-se.


Que a força esteja conosco...


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* Citações e referências - Dijavan e Marcelo Camelo.

sábado, junho 02, 2007


"Ele revolucionou o mundo das artes como um cometam dançando sobre as mesas, embriagado de paixão pela vida. Inspirado pelo amor e consumido pela obsessão. Ele é o famoso pintor Amedeo Modigliani, um gênio criativo que viveu a charmosa Paris do início do século 20 com uma atração incontrolável pela beleza. Sempre com a mesma intensidade, o judeu Modigliani amou a católica Jeanne Hebuterne e odiou o genial Pablo Picasso. (...)"
Cabeça e coração, um homem que viveu o mar das intermitências dos sentimentos humanos. Da sanidade à loucura, deu-se aos desejos como um homem e retratou-os como um deus a ser lembrado por toda a história.

Em passeio despretencioso no MASP uma amiga me viu pelas mãos do pintor. Retrado do poeta Leopold Zborowski, nos traços de quem não pintava os olhos e o fez apenas uma vez... Logo agora que abandono o título, o aspirante a louco e apaixonado reencontra forças de sua história que me coloca o questionamento em forma de obra.
Em conversa com um Deus, o homem genial escuta: "O precipício. Todo artista chega ao limite e segue seu destino. (...) Midigliani... Amedeo Modigliani... Você é louco?". Renoir, dos traços difusos, indefinidos em forma, alcança a alma do pintor através de seus olhos.
Que as humilações da vida me sirvam de luta, exemplo de conduta pela afirmação e reafirmação de minhas escolhas sem que os entremeios destruam a poesia que há em mim. Que não seja sugado pelas paixões como este e muitos outro foram.

Obrigado, Moema.
Óleo sobre tela. Amedeo Modigliani - Retrato de Leopold Zoborowski
Filme: Modigliani