segunda-feira, outubro 22, 2007


A Filha do Astrônomo

e do que há de nós

pouco posso dizer
te falar

mas te posso tocar com o mesmo olhar
de quando o sossego me ousaste roubar

Te olho e te vejo
como agraciar
vontade qualquer de te encontrar

e me zombas as cores
como mulher
me contornas as dores
como bem quer
em órbitas e constelações
siderais ilusões

onde seríamos um desejo fulgas
onde a distância não fosse tenaz

e te vejo acordar num sonho discreto
num amanhecer incompleto

tu, enorme esperança de tudo mudar
de teu sorriso nos contaminar

os homens austeros
sem glória sem amor
que os tocasse com um simples rubror

que desguiasses as casas
que nos fizesse transpor
como tiraste de mim a retidão
a mera ilusão
nas pétalas aureas
que te fizeram em mim uma nova paixão.

terça-feira, outubro 02, 2007


e somos pouco mais que nossas aspirações pelo encontro...
minha inclinação litorânea

Eu nasci no rio,
intrépido farsante de aguas barrentas.
Me fizeste no mar,
a imensidão lancinante que banha terras sedentas.

é assim que me reconheço vencido...
de prudência parca;
racionalização fraca;
intelectualmente aguerrido.

Se te fito, metafísica,
retorno às minhas profusões memorativas,
tento recobrar tua imagem em mim,
teu sorriso afim
a ferver minhas vertigens líricas

ao enumerar nossas incertezas
pouco me toma a erraticidade claudicante
Me vejo tudo menos estanque
ante à possibilidade real de sua gentileza

pendo às preocupações da distância,
aos meandro intermitentes
da distância que nos impôs a geografia,
contra qualquer ensejo de ânsia

E se a escuridão me fala
me lanço no precipício,
no interstício de nossa ausência de toque
na crença única de que teu sorriso me alimenta o coração

e pouco sei do que será
pouco sei de mim, lá...
não hei de saber
só sei que vou

pra poder ver o que de mim em ti restou...