Olha...
Estou aqui. Se somos, fomos, ou estamos, não sei, mas estou... Não era claro que as inferências vespertinas fossem fazer da convivência apreço discreto em surpresas à esmo. Talvez por isso esteja assim.
E há loucura no encontro vespertino que me impôs a chuva. Que tornou-se desvelamento inconsequente e reconhecimento inesperado, à medida que a noite chegava por trás da água, que insistia, não parava.
Escrevo pra desgastar o enamoramento que teus olhos me raptaram, quando ultrapassei as colinas andinas que guardavam a vista da tua casa. Não a que estás agora... Tua casa de palha, onde revoam a borboletas e atravessa serelepe o niño porteño que carrega no sangue o ímpeto dionisíaco e a marca do amor de deus. É nela que moras? De pés n'água, braços pro céu na sombra de madeira e palha? É nela que te encontrei.... O céu derramava-se em destino incerto em incontáveis horas, em claudicantes confidências, enquanto balbucitava tropeços desnudos no topo da colina. Topofilia na qual começava a enxergar os primeiros traços desse recanto bucólico sob o toque do sol. O vento carregava voraz o som clandestino que pairava no fulgor hermano. Ressoava teu vazio "impreenchível" pela prepotência e exagero citadino. Ele (o vento) descia vale abaixo levando meu olhar à inquietude tácita que tomou conta dos teus cabelos. Longos, libertos, leves, libertinos... Soltos como pluma, com cheiro de terra, de palha fecunda, de toque na mão; cheiro de vida!
É nesta aquarela sinuosa que se realiza a pulsação lancinante e fantasiosa que tua gargalhada vigorosa fez nascer aqui entre estes livros, estas idéias. As palavras andam no papel para dirimir a interrogação da tua boca, e sanar aqui os vestígios passionais e o platonismo viral que me atravessou o peito inconsequente e jovial.
Atravessara o limite que me impuz... Tua voz deixou de ser tão rouca e teu olhar mais quieto, só naquele momento. Já não me vi mais no universo confuso da deliberada simpatia alheia. Me senti "tolamente" convidado à reconhecer as aspirações que tua vontade exalava por novos ares, uma racionalidade nova, pessoas ímpares...
E, artista das sombras, fui tomado por doses de saturação num mundo tendenciosamente monocromático. E concebi a visão que não queria ter; a imagem impedida de nascer. É essa a tela... A chuva, a natureza, a contemplação. Faltou você nela. Faltou você comigo para curtir o desenrolar do apreço superlativo por sobre as leis e os medos vencidos. A explosão passageira da vontade, acima de todos os problemas.
Silhueta na janela, a chuva, a casa de madeira. Faltou você...
"Faltou", no passado.
Passou...
2 Comments:
É incrivel a maturidade das tuas palavras, rodolfo. Não me canso de me impressionar.
Deixando de enxer a tua bola um pouco, sim...tu vais embora de são paulo e nem um passeio pela paulista? tááááááá...
Beijos.
ah, que palavras suaves... =]
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