É o que manifesta a distância, o que nos faz em longínquas latitudes de divergência: a Arte. Ela que se tornou a edificação da direção oposta que minha vida toma em relação às decisões que ele tomou. Minha sensibilidade, embora pareça à sua vista dantesca e grotesca, encontrou casa na arte. A tensão entre dor e amor que ele insistiu em me provar ser mínima, permanece ante meus certos e errados, cada qual em seu lugar.
Não sou matéria objeto de minhas frustrações, não sou dejeto das desilusões. Não, não sou, e a arte me serve de recanto. Se hoje é sobre ela, falo dela. Quanto mais marcas me faz a vida, mais linguagens acumulo no sentido de canalizar os impropérios que supostamente me trariam a gelidez, a frieza, a tratar a vida não como luta, mas como guerra. Assusta-me a dureza que defende suas cicatrizes. Rebocou carradas de pedra entre si e o mundo na vã hipótese de se isolar de tudo o que possa parecer violento em demasia à sua fraqueza.
É... ele tem fraqueza! A dependência na forçosa aparência de força é sua fraqueza. Não sente pena de si. Não sente nada... Ele enclausurou-se na festiva ilusão do EGO mundano, na deficiência jovial da cidade. Na fuga de natureza qualquer.
Eu sou fraco. Sou fraco quando me deixo tropeçar na acidez de seu sorriso e venho aqui requentar minhas lamúrias. A dor tem valência, mas o que regurgito são lamúrias... São porque são delas que nasce o diferencial. Minha raiva aquece minha mão e me fazem ferver as palavras pra que explodam
Minha raiva hoje, me imperializa entre os homônimos, entre os de diferença suprimida, o coro dos contentes. Minha raiva reacorda a escrita adormecida, que de pouco me irá servir funcionalmente neste mudo de razões práticas. Minha raiva adormece meu pragmatismo e transforma meu grunhido em palavras enfileiradas, para coroar que não sou o que meu pai pensa que sou. Não sou ele. Não sou da guerra, sou da luta, e a arte refuta qualquer possibilidade de falência hereditária.
Voltemos ao nosso silêncio intransigente!
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depois corrijo os erros de ortografia.
2 Comments:
Te descrevestes nesse texto. Incrivel, te vi nele.
Beijos
Há um tempo não te lia aqui...Sempre palavras paridas...Entre a dor e o prazer...Morte e vida...Muito, muito bom e muito vivo.
Raquel.
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