domingo, março 09, 2008


Da Premeditada Solidão

estou nulo
escuso
duro

estou...
apenas estou...

sinto a cabeça pesada
sinto o choro preso
o vazio

nele estou
sozinho como na condição
na breve alusão que meu desalento deixou

não logrou
não amou
sangrou

de mim, não conto quantas vezes
conto mais essa
encontro-me nessa
calmaria dispersa
que reclama reclusão
à cada lágrima que versa as palavras

som
imagem
o toque...

o toque plácido
da esperança invulgar
de vencer a solidão plástica
a imensidão flácida
das perdições empobrecidas à esmo

vivo, poeta
para morrer da condição
mais uma semana
mais uma causa estranha
enquanto o calendário não anda
não desmancha a prisão que meu grito encontrou no peito.