terça-feira, abril 24, 2007


E os desígnios da ancestralidade tem permeado minhas reflexões permanentemente. Não sei mais quem sou e no retorno de alguns extremismos desnecessários e exacerbados procuro por algo que me conduza de volta à minha casa. Não... Meus valores ainda não se tornaram ELÁSTICOS, como fora a cautela de minha mãe. Só me coagi a reconhecer-me humano, passivo de erros. Mas a permanência nele não é o que me domina, mas sim o retorno à coerência perdida. Dos filhos da adversidade, tive que aprender a lidar com a melancolia. Achei que meu caso eternno com a solidão havia me ensinado uma maneira consistente de ser só sem ser melancólico. Foi o medo da solidão que me fez errar; é reconhecendo-a que me faço impelido a acertar.

De fato, a vontade, o desejo, nem sempre caminham sempre com a coerência. Insistiria que o mundo é repleto de cores e sabores que nos entortam à superficialidade, à rapidez, ao efêmero (como gosto dessa palavra!). Maria, minha mãe, costuma dizer que quando estamos conseguimos completar um etapa, quando alcançamos algo, a força contraditória da vida nos coloca em prova. É como se Ele dissesse, "demonstre em atos"... Não como um teste questionador, mas como a oportunidade de afirmação, a superação que propôe a dialética. Tese, Atitese e Síntese.

E não caminhando juntas, minha prova me derrubou. Procurar um amor num espetáculo de balé! Sou forçado a morrer e renascer. Quando percebo que minha história se repete, que como aludiu Marx, já não faço mais história e sim a farsa, começo a entender o silêncio bubônico, a presença lacônica de meus tios, e principalmente o olhar conternado e singiloso de meu pai. Me habituei a vê-lo e a não tê-lo. Sempre lá e com a cabeça no mundo, meu pai é um sonhador como eu e nuna entendi como tantos sonhos podiam viver num silêncio tão aterrador. Deus me deu a dádiva da poesia. As palavras explodem em emoção em mim e o risco de perder-me como ele fez, é outro. Se impregnar de tantos sonhos e se imbuir a respondabilidade de realizá-los é de uma expectativa descomunal para se carregar quando não se pode concretizar tudo aquilo para que se viveu os dias; aquilo que motivou todos os respiros diários. Hoje quando o olho, não vejo mais interrogação, vejo lágrimas contidas; um homem machucado pelo mundo por ter sido inocente o suficiente para sonhar mais do que pudesse fazer. Esse é meu pai. Esse sou eu. Sou, já tão jovem, espectro de minhas frustrações. O universo limita, cerceia. E há de cercear... Freud um dia já disse da necessidade da frustração para o contato social, para a realização do coletivo. E como encontrar a chave desse comportamento de modo a ser respeitoso consigo e com a alteridade. Alguns fluxos de pensamentos confusos me fariam dizer que já não acredito mais nessa conduta. Mas mantenho-me no projeto antes de relativizar tudo. Infelizmente meu pai não me é exemplo do limite que pode existir entre o constragimento, a consternação e o equilíbrio. Não posso perguntar à ele, quando começa o bom homem ponderado e termina o menino assustado. Terei de buscar esta resposta na vida. E que vida terei de ter para tê-la, pai? A cada manhã que me olho no espelho pareço mais com o homem que me foste pai. Aos poucos tento continua o teu projeto. Não... desde já reconheço que não terei resposta e sim mais perguntas. Mas sou mais íntegro e coerente na busca destas que na espera das respostas.
Obs: depois vejo os erros de ortografia...
Que a Força nos acompanhe

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Só queria re"z"istrar que a lua ta e sempre estará olhando por ti. Seja qual seja a distância...e que eu tive que conter as lágrimas.

Nossa!!! Quanta admiração e carinho por ti.

24 abril, 2007 23:48  
Blogger Annete Morhy said...

não foi medo da solidão que te fez errar, foi a certeza do que estava por vir.
Afinal, nada do que temos atrás de nós poderia ter corrido de forma diferente.
Certamente, a partir de agora, tudo caminha em seu lugar. A tempestade era apenas anúncio de bons tempos.

=.*

06 maio, 2007 11:08  

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