quinta-feira, novembro 27, 2008


Do rapto inesperado

como pode ser em tudo e menos nós
a flor a demais algoz
dos devaneios desdenhosos
estancados, duros
cravados em pedra-lioz?

Como pode em tão doce apreço
revelar-se a lumnescência
de um quadro escabriado
em tons de sombra?

em segmentos de frases
as ânsias se alinham às margens do improvável
imprevisível
pra realizarem-se no ponto do inexorável
indivisível

pra encontrar casa nos teus braços
pra me enxergar em fim no teu olhar
pra me amarrar no teu laço
pra ceder tolo ao teu sorriso
que me toma...
me contamina o ar
arranca os grilhões fransinos
chumbados do ador da solidão

e por estranho
não me é estanque
já somos um com a graça da companhia certa
com um dedo a mais de confiança sincera
que não me faz das lamúria, o banho
e irradia na dança do vento
o rapto de mim
decerto irrevogável
na alegria calma e discreta
na paixão irreparável...